sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lado A Disco 2

Havia um programa na MTV da década de 90 chamado "Lado B", comandado pelo conhecedor Fábio Massari, cujo assunto eram músicas menos conhecidas dos álbuns lançados. Falo dos álbuns de vinil, os Long Plays ou Bolachas que, diferentemente dos cds, tinham dois lados. Via de regra, as músicas mais comerciais estavam do "Lado A" dos LPs. Massari garimpava faixas menos óbvias, e sempre apresentava coisas muito boas, muitas vezes de bandas aparentemente óbvias.
Bem, como isto aqui é um blog de consumo, e como sou um consumidor de certa idade, digo que sinto saudades de virar o disco. Não me entendam mal, adoro meus mp3, acho que o futuro é digital, mas se a analogia de "virar o disco" foi morta pelo cd, o mp3 jogou a ideia de "obra" com começo, meio e fim de uma "coleção" de músicas e fragmentou. E eu gostava muito de curtir um álbum inteiro, ou suas metades. Por exemplo, The Wall, do Pink Floyd. Amo a obra, tanto sonora quanto o filme, quanto o encarte, quanto as letras desesperadamente escritas e os desenhos lisérgicos. Mas, o que me toca no álbum, originalmente duplo, é o Lado A do Disco 2... Iphones e mp3 players podem ter tornado todas as obras musicais da humanidade abertas a qualquer um que queira criar sua própria sequência. Mas poderiam vir com um botão "author´s preferred sequence" ou coisa que o valesse...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Roubando no Peso


Antigamente o quitandeiro desonesto era aquele que roubava no peso. Ok, caro jovem leitor, quitanda era uma vendinha que tinha verduras, frutas, grãos, e, se bobear, servia café, bebidas alcoólicas e lanches. Com o advento da globalização, os supermercados menores foram absorvidos pelos maiores, e o quitandeiro foi fazer outra coisa da vida.
No entanto, ainda existe um monte de gente que "rouba no peso", de maneiras sutis. Por exemplo, o papel higiênico. Há 10 anos atrás, o tamanho padrão de um rolo era 50 metros. Daí, um grupo de produtores de papel "tissue" resolveu, por conta própria, reduzir o tamanho para 30 metros... na época houve polêmica, mas o fato é que o lobby papeleiro conseguiu convencer a legislação, e o padrão agora são os tais 30 metros, sendo que quando você encontra um papel de 50 metros, observa que ele é "tamanho econômico" e paga mais por ele...
Sem tanta polêmica, já faz algum tempo que os fabricantes de leite em pó, ao menos os mais conhecidos, resolveram diminuir o conteúdo de suas latas ou pacotes em 100mg. O leite Molico era vendido em latas de 400g, e hoje só é encontrado em latas de 300g, bem como seus concorrentes, Itambé, La Serenissima, e outros. Ah, sim, o preço do leite disparou nos últimos 4 anos, de centavos de real para, em alguns casos, 2 reais - o leite longa vida, porque o em pó saiu de menos de 4 reais para 7, 8, 9 reais...
Exemplos como esses pululam nos supermercados. E quando não somos roubados no peso, somos enganados com produtos que substituem seus ingredientes por outros de qualidade inferior. Ou então suas versões Light, que chegam a custar simplesmente o dobro do valor, somente porque foi retirado gordura e inserido um espessante. É claro, além dos lights, tem os orgânicos... Domingo li na Folha de São Paulo a ótima frase: "Produtos com a palavra "orgânico" na embalagem têm mais interesse no seu dinheiro do que na sua saúde", da Psicanalista inglesa Susie Orbach, em uma entrevista sobre bulimia. Somos alvo, o tempo todo, de apelos que nos façam gastar um pouco mais, por menos. Saber disso transforma você em um consumidor mais consciente. Mas isso não basta. Nos acostumamos a ver como "chato" aquele que vai atrás dos seus direitos. Aquele que questiona. Em 2007, estive em Buenos Aires, e li um jornal de uma semana antes, com destaque para uma matéria que dizia que pessoas haviam ido às ruas protestar contra o aumento do preço do tomate. E olha que o tomate lá, mesmo com aumento, era muito mais barato que nosso tomate aqui. Pergunto: Você se vê indo à Avenida Paulista protestar contra o aumento de qualquer produto, por mais querido e necessário que este seja para você? Você se vê boicotando indefinidamente um produto, porque ele tem um preço abusivo? Mas quando o posto da rua de baixo cobra 10 centavos a menos o litro de álcool você vai lá, certo? Talvez porque esse tipo de protesto não exponha você nem aquilo que apresenta à mesa,,,

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Filtros Europa: Troca na Base da Porrada


Outro dia, após uma amiga vir em casa e comentar que a água estava com gosto de cloro, resolvi ceder às investidas do telemarketing ativo de um representante dos filtros Europa, para um "teste grátis da qualidade da água". Mesmo porque, conforme informava uma etiqueta no produto, meu filtro estava vencido, tinha validade de um ano e já fazia 2 que eu o havia comprado. Então, agendei uma visita.
O "técnico" chegou com postura altiva e iniciou o teste. Não analisou a água como eu esperava. Ao invés disso, retirou o filtro de carvão do aparelho e segurou-o com uma mão. Com a outra, pegou uma pesada chave de boca e, sem dó nem piedade, começou a bater na peça, que só não desmontou porque é revestida por uma capa plástica. Incrédulo, perguntei ao homem o que ele achava que estava fazendo, e ele respondeu: "só estou soltando a sujeira, um momentinho que o senhor vai ver", e , na sequência, colocou a peça no aparelho e ligou a torneira. Obviamente, a água saiu imunda... eu não podia acreditar no que os meus olhos viam! O cara deliberadamente quebrou meu filtro que, por mais usado e vencido que estivesse era MEU e estava NA MINHA CASA! Eu gritei, falei que era óbvio que a água estava suja, uma vez que ele havia transformado em pó pedaços de carvão ativado... Dai, por curiosidade, perguntei o preço: 150 reais. Disse que não, enxotei o "amigo" de casa e fui num revendedor Europa na Av. DOmingos de Morais. Comprei a peça por cerca de 78 reais, troquei, e funciona. Mesmo assim, senti saudades do tempo em que o filtro era de barro, e bastava lavar para ficar novo, e os prazos de validade da nossa vida eram mais longos, mesmo que morressemos mais por isso.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pra que serve o Facebook mesmo?


Ontem eu li, na revista exame, um dado que me deixou pasmo: as pessoas gastam cerca de seis vezes mais tempo no Facebook que no Google. Bem, eu uso o google quase como o "HAL", de 2001 - uma odisséia no espaço", de Stanley Kubric. O Google sabe onde está a informação, ou aponta a desinformação. Eu pesquiso tudo, obtenho diversas respostas e escolho a que me parece ser a mais correta - dai porque Google não é HAL, quem decide é o homem, não a máquina. Pesquiso palavras, ortografia, sinônimos, busco imagens de tudo, busco vídeos, me divirto, choro. O Google é vida. No Facebook, eu encontro amigos. Ok, isso é ótimo sempre, mas eu já fazia isso no Orkut, e poderia ter feito isso em qualquer outra rede social. Ocorre que todos preferiram o Facebook. Por que? Minha desconfiança é a seguinte: além da interface muito amigável, principalmente para a faixa etária acima de 35 anos, o que prende essa galera ao Facebook é.. a Fazendinha... falando sério, nada mais explica o tempo gasto em uma rede social ser tão grande senão os joguinhos integrados ao Facebook, games simples e cujo apelo é a interatividade e não gráficos pesados e rápidos demais para a média da minha geração. Nasci em 1970, caro leitor. Portanto, assisti ao engatinhar da internet. Não me pergunte o que fazíamos antes, pois ou não me lembro ou não quero contar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Encantador Profissional

Outro dia, assistindo ao impagável "Men of a Certain Age", no 10º episódio, o personagem vivido por Scott Bakula, Terry, um ator que não se deu bem na profissão e que trabalha em um escritório de contabilidade, tem um insight, e diz aos amigos Owen (Andre Braugher), um pai de família às voltas com problemas com o pai e a posição que ocupa em sua revenda de automóveis, e Joe, recém-separado e apostador inverterado (Ray Romano), que a única coisa que sabe fazer direito é ser um "encantador profissional", um cara de que todos gostam, mas talvez não levem tanto a sério... é claaaro que me identifiquei na hora... Terry pergunta, retoricamente: "O que faz da vida um 'encantador profissional'?" e, na cena seguinte, Owen o apresenta à equipe de vendas da revenda de automóveis, como o "novo cara".
É isso, somos melhores ou piores na arte de "encantar aos outros com a nossa presença, convencendo-os de algo". Somos vendedores de nós mesmos. Quando dizemos "ah, não quero me envolver com x", onde x é igual a política, ou o condomínio, ou a diretoria, ou a presidência, ou qualquer outro ambiente que nos exponha e coloque à prova nossa capacidade de negociar, de convencer, de co-mover, dizemos que "não temos o perfil", Ainda assim, somos animais sociais.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O Ópio do Povo


Futebol. Palavra que desperta paixões absurdas, provoca rivalidades incompreensíveis, causa abandono de lares. Quarta-feira e seus rojões, ensurdecedores, mas principalmente chatos. E o fanatismo dos Americanos é o cristianismo, dos árabes é o islão, e do Brasileiro é o futebol. Que é mal jogado, mal escalado, mal resolvido. E todo bom boleiro tem sua fórmula, "se fosse eu, colocaria o Xisto... tá batendo um bolão!!!"Publicar postagem
O fato incontestável é que o futebol tira a atenção de muita gente da própria vida, dos próprios problemas. Sonhar com o futebol, discutir o dinheiro que o jogador ganha, as mulheres que sobram, a pobreza de onde ele veio, as oportunidades de gol que perdeu - é tudo um grande sedativo, um jeitinho de ter menos contato com sua própria vida. E é assim que o ser humano suporta ser, se não é futebol é o crime do dia, se não é a novela. Agora tem a internet, as mensagens e as conexões medindo quão amada a pessoa é, qual o tamanho do seu sex appeal, medidas insólitas para um ser que pode um pouco mais do que isso. Eu sei, eu sou chato pacas, o chato de plantão.

domingo, 1 de agosto de 2010

O Produto Candidato


Não compro. Até voto. Mas não compro. Afinal, um político é um cardume, você acha que está falando com um deles, mas se ele diz "eu" quer dizer "nós", se ele diz "sim" quer dizer "quem sabe", e se diz "não", entenda "depende". Essa é a democracia representativa, aparentemente a melhor das opções políticas inventadas pelo homem, ao menos assim acreditam alguns.