sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Verdadeiro Espírito do Natal

Usei isso como foto do perfil no facebook neste último Natal... não é demais? Por trás desse raciocínio estão as maiores barbaridades e bobeiras humanas... jóias e roupas para conquistar as mulheres, brinquedos que tornam crianças em mini adultos... carros caros, grandes, maiores, mais caros, mais novos, ressexualizando os homens... presentear é bom, ganhar presentes é ótimo. Mas a obrigação da troca amor dinheiro <> MAIS dinheiro, Mais amor, é vil. É pequena, diminui os homens e mulheres às condições de produtores e consumidores, reduz o afeto ao suprimento de carências na forma de coisas, é tudo o que vemos nos filmes de natal, a grande dúvida, o papai noel existe ou não, o espírito natalino existe ou não? Devemos ser crédulos em um mundo melhor ou devemos meter a faca por trás para servir de degrau para subirmos e pisarmos na cabeça? Estou sendo muito rude? A Rudeza é uma franqueza que não nos convém...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quem são as Meninas Más do Disney Channel?


Muitas vezes eu duvidei da sanidade mental desses autores de filmes e séries infantis, com seus eternos conflitos de populares x nerds, bonitos x feios, etc. Sempre achei absurdamente maniquieísta, exagerado. A menina má, que quer ser a mais popular, que se move somente por esse motivo, que passa por tudo e todos para chegar onde quer. Você, ser humano razoável, brasileiro, acha que é coisa de norte- americanos... Mas no filme repara que os pais do herói, normalmente um nerd ou alguém "normal" porém menos preocupado com popularidade, são também pessoas quase "normais", desencanadas... O que os filminhos não contam direito é que, no futuro, quem se dará melhor na vida será o obstinado, o obcecado pelos seus objetivos. Os razoáveis são moderados demais para o padrão de ganhos que o mercado exige. E, da mesma forma, existem sim, crianças extremamente competitivas e com padrões éticos bem diferentes dos seus, estudando na mesma escola de seus filhos. Essas crianças podem ser filhas e filhos de mães e pais competitivos ao extremo, dotados de padrões éticos bem diferentes dos seus. Por mais filmes que o Disney Channel passe sobre o tema, o intuito é preservar esse conflito. O mocinho do filme não fica tranquilo, na sua. Ao invés disso, ganha mais popularidade que o obstinado, ele se dá bem em detrimento do outro. O Filminho ensina uma moral, mas não a moral da paz, e sim a da guerra, alguém precisa perder para que outro ganhe.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Papéis Pequenos para quem transpira...


A publicidade sabe ser má. Não por estimular o consumo, pois é sua função, mas sim pelos recursos de que lança mão para atingir seus objetivos. A campanha do desodorante Rexona (transpiramos pelas mesmas coisas), que tem como protagonista a atriz Camila Pitanga, me parece apelar para certa caricatura de mulher. Destruir a casa para achar um brinco faz da mulher um ser extremado, passional até a burrice. Em outro vídeo mais recente, a mesma atriz diz que, quando "transpirava demais", só recebia "papéis curtos". Me pergunto se não é uma amarga verdade, "transpiramos pelas mesmas coisas", mas devemos nos controlar para receber "papéis mais longos", como um bom trabalho ou um namoro duradouro.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Juntos?


É inevitável, nesta época de Natal, passear na Paulista e admirar as decorações. É um passeio que fazemos todos os anos, em especial minha mãe e minha filha, que vão juntas admirar as decoraç Domingo fomos à Paulista, e qual não foi nossa surpresa ao reparar na agência do Santander-Real completamente apagada. Achei muito estranho, pois o Santander já participa com a SPtur de diversas decorações de Natal em em São Paulo. Fui atrás e descobri que, em 2009, após a aquisição do Banco Real, o Santander vendeu o edifício da Av. Paulista. Mesmo assim, imagino o quanto custou convencer todos os clientes do Real de que o Santander seria uma continuidade, e de repente um marketing tão simples e tão importante quanto uma decoração de Natal, tão cheia de simbolismos e significados otimistas em relação ao futuro, enfraquecem uma campanha milionária como a do "Juntos".

sábado, 4 de dezembro de 2010

Customer Experience Management


O Boteco do seu Jeremias vai entrar em reforma. O seu filho Tobias, estudado e com atuação em diversas empresas de produtos de consumo, aconselhou o pai a promover mudanças. Segundo Tobias, não bastava mais os clientes irem ao bar do seu Jeremias, beber cerveja e comer torresmo. O consumidor tinha que viver uma experiência única, prime, personalité. Costumer Experience era tudo o que o bar precisava fazer para atrair os novos moradores endinheirados da vila piriuna, ex-favela e ex-pântano que agora estava repleto de arranha-céus, ou "torres", como se dizia agora, com apartamentos que eram um misto de clube e moradia. Apartamentos que propiciavam customer experience.

Para o bar do seu Jeremias se adequar, Tobias tinha contratado um arquiteto, que planejara modificações totais no ambiente: No lugar do balcão de inox, um belo balcão de madeira, como os pubs londrinos. A Cafeteira de filtro de pano daria lugar ao modelo Newspresso franchising, ideal para bares da moda, com suas cápsulas de titnânio recicláveis pela própria Newspresso; O bar substituiria os velhos azulejos brancos amarelados por azulejos brancos vintage, que davam a clara impressão ao cliente de ter sido levado a um boteco do início do século XX. Seu Jeremias protestou um pouco com relação a essas alterações, pois alegava que seus velhos azulejos estavam em bom estado e eram de fato do início do século XX. Seu Jeremias também não se conformou com a perda da cafeteira de filtro, pois o custo do café da Newspresso era absurdamente superior. Tobias o tranquilizou, dizendo que sabia o que estava fazendo.

No dia da inauguração, pessoas do bairro todo vieram, o bar ficou lotado, meninas de minissaia com a camiseta de uma cervejaria famosa circulavam oferecendo degustação de sua nova cerveja antirressaca, que na fórmula já vinha com engov, eno e losna. Todos estavam felizes, menos seu Jeremias. Ele descobriu que não poderia manter os velhos funcionários do Bar, pois seu filho havia contratado uma equipe com chefs, subchefs, maitres, connoisseurs, concierges e garçonetes de pouca roupa. Também não poderia mais entrar na cozinha para fazer um dos pratos do dia que ele mais sabia fazer, a Rabada com Agrião de toda 3a feira. Por último, o que mais doeu ao velho dono de bar foi ter que dizer ao pessoal da roda de samba que não haveria mais lugar pra eles, que o bar agora era chique. Seu Jeremias, porém, prometeu que conseguiria dar um jeito de eles se reunirem em seu bar de novo, o que eles aceitaram sem acreditar muito.

O Bar Reformado do seu Jeremias durou um ano e fechou. Não por falta de competência do pessoal contratado, nem pelo equipamento renovado, nem nada. Apenas porque, na rua de trás do bar do seu Jeremias abriram um boteco tradicional, com comida de boteco tradicional, onde a velha roda de samba aparecia aos finais de semana para encher de alegria a vizinhança - inclusive muitos dos endinheirados novos moradores da Vila Piriuna, que desciam de suas torres para degustar a maravilhosa Rabada com Agrião que lá era servida todos os dias, além de outras iguarias. Era o novo bar velho do Seu Jeremias. Ele havia comprado o bar do seu Antônio, que se aposentara e não tinha filhos, e deixara o bar antigo para o Tobias brincar de patrão. Tobias errou não em querer criar uma Consumer Experience, mas sim em não aproveitar a experiência de seu pai em um negócio que ele dominava, e em não descobrir (pelo contrário, supor que sabia!), qual Experience seus Customers queriam viver.